sexta-feira, 1 de julho de 2011

DOM QUIXOTE - MIGUEL DE CERVANTES

Publicada no século XVI, esta obra utilizara da estrutura e das técnicas empregadas nas narrativas das novelas de cavalaria do período medieval e trovadoresco para fazer uma crítica a uma realidade e a um tempo que se torna obsoleto (decadente) na medida mesma que os ideais medievais vão dando lugar ao pensamento moderno representado pelo Renascimento e as ideais humanistas. Segundo Ian Watt (Mitos do Individualismo Moderno) Dom Quixote, apesar de um pouco distante de nós, é um típico herói moderno, imperfeito. Acostumado a ler histórias de Rei Artur e outras de aventuras, já velho o personagem não aceita a realidade tal qual ela se apresenta, e num surto de esquizofrenia, de loucura reinventa sua própria realidade, e consegue por vezes até convencer a outros do absurdo que sonha, a exemplo de Sanho Pança, que, ignorante, acredita nas palavras bonitas de seu amigo e cavaleiro "errante", que quer ir em busca de desafios, da fama e da imortalidade. trata-se de um meta-texto, na medida em que o texto ironiza e crítica de modo bem humorado o ridículo daquele ideário. O mundo mercantilista (capitalista) que nos aguarda não mais aceita os principais medievais de cavalherismo, honra, amor a Deus e ao próximo, dar lugar ao individualismo, ao egocentrismo e a coisificação do homem pelo homem.